Meu malmequer que flutua incontidamente por aí...


Construí-me de metáforas que metaforicamente se desfizeram e me esfarelaram, assim como um vento que passa, cria um vendaval e só deixa destroços.
Descobri em mim esse poder oculto de me edificar através da linguagem.
Pudera eu ser como aquele poema que desperta a brisa, acompanha a poeira, voa com aves e pousa, num gesto despretensioso, entre as cascatas. Para, depois de viajar sobre as flores e dar mais cor ao campo, descansar sobre a página aberta do livro de onde se desprendeu e que lá ficasse.
Até que uma alma aterrorizada encontrasse estímulo e as palavras que tanto precisava ouvir.

E só por brincar de ser poeta já faria em mim um malmequer que não desbota.
Os versos iriam e voltariam, de lá pra cá, ultrapassando o limiar das linhas e da página. Em um movimento enjoadiço, como se eu navegasse entre as palavras que cultivo.

Então deixei ir...
... uma metáfora, outra metáfora.

E me desfiz em fim.

Comentários

  1. Nossa, que lindo! Espero que por todos os dias da minha vida poder ter a graça de ler coisas boas e agradáveis assim, pois fazem a gente perceber que a vida é muito mais do que a gente julga ser. Prometo que daqui para frente, menina moleca, eu vou aprender a me simplificar. Agradeço isso isso a você e ao seu blog.
    Beijos

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Senta que lá vem textão!

A solidão da flor do campo