Meu malmequer que flutua incontidamente por aí...
Construí-me de metáforas que metaforicamente se desfizeram e me esfarelaram, assim como um vento que passa, cria um vendaval e só deixa destroços. Descobri em mim esse poder oculto de me edificar através da linguagem. Pudera eu ser como aquele poema que desperta a brisa, acompanha a poeira, voa com aves e pousa, num gesto despretensioso, entre as cascatas. Para, depois de viajar sobre as flores e dar mais cor ao campo, descansar sobre a página aberta do livro de onde se desprendeu e que lá ficasse. Até que uma alma aterrorizada encontrasse estímulo e as palavras que tanto precisava ouvir. E só por brincar de ser poeta já faria em mim um malmequer que não desbota. Os versos iriam e voltariam, de lá pra cá, ultrapassando o limiar das linhas e da página. Em um movimento enjoadiço, como se eu navegasse entre as palavras que cultivo. Então deixei ir... ... uma metáfora, outra metáfora. E me desfiz em fim.