Uma leitura debochada
Mais uma vez, eu tentei ler meu jornal de domingo. ‘Tentar’ soa forte neste texto, pois a tentativa foi em vão. Encanta-me a retórica jornalística rotineira, que às vezes me faz acreditar que sou uma tola, por inocente e esperançosamente sair às manhãs de domingo num ato capitalista e quase ingênuo em busca do periódico de final de semana. E, toda vez que eu o leio, imaginando quase em uma súplica por uma leitura nova, deparo-me com os mesmo tons pastéis da página, com a mesma ironia em desesperança dos seus autores sempre burlescos, argumentando jocosamente de modo contínuo uma realidade tão bem conhecida por todos, que não merece nem mesmo uma página da gazeta. Decepcionam-me as notícias, as manchetes, os assuntos abordados e, até mesmo as tirinhas sem graça e o caderno de esportes. Quando eu vou ver na capa da folha manchetes como: “Lei aprova o aumento de salários de 45% para os professores das escolas públicas e universidades federais.”, ou quem sabe aquelas notícias mai