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Mostrando postagens de junho, 2012

O que faz da minha mente um solo fértil

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Sonhos, que por descuido meu saíram iguaizinhos à realidade, peço-lhes que hoje me acordem lá pelas sete da manhã. Venham despertar-me do alto daquela nuvem que eu fiz enquanto sonhava. Mostrem-me a Terra que ninguém mais vê. Tragam-me de volta ao tempo, esse tempo que inicia ciclos e encerra-os. Vou contar-lhes um segredo: tem sido muito difícil lidar com mudanças, adaptar-me a elas e adaptá-las em mim. Mas eu sei que vocês colocam tudo no lugar. E eu poderia sonhar mil sonhos agora e por neles a cor que eu quiser.  Nomeá-los!  Guardar em potinhos, organizá-los.  Se não couber em potinhos, reservo uma floresta temática para eles.  A imensidão do mar, talvez.  Ou esse infinito que é chamado de céu. Eu acredito tanto nesses sonhos. Embora eu saiba que nenhum lugar é tão secreto que alguém deixe de ter acesso.  E destrói sem dó.  Pisa, fraciona, esmigalha. Acho que a vida não seria vida se não houvessem sonhos e o meu direito de sonhar tem sido a minha única certeza nesses temp

Deus, livra-me dos normais!

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Quando aprendi a jogar para o alto meu status de pseudo-intelectual e mandar às favas meu formalismo foi que eu percebi que os "normais" estavam famintos de alegria. E tal era sua necessidade que ao encontrarem um louco para lhes tirar o gesso da emoção é que se alimentavam com premência. O que lhes faltava?  O que lhes sobrava? Faltava-lhes reconhecer seus limites . E quais seriam? Oras, são aqueles que se encontram na pista do autoconhecimento. Sobrava-lhes, então, a ignorância . Mas como adquirir essa justa ideia de si próprio? Bem, felizmente eu pude aprender a expelir meus demônios mentais, minhas fraturas engessadas. Mas tudo isso se deu após na dançar na minha pista.  Poderia mostrá-la a vocês, porém, acho melhor que descubram outras.  Tenho a certeza de que encontrarão.  E, depois, é só deixar-se levar pelo seu ritmo e entregar-se à loucura frenética da batida que pulsa em você. Agora percebam só o quanto me cansei desse manicômio global de normais desiludi

Diário de uma universitária

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Isabel era moça intensa, de coração movido a sonhos, de alma carregada de coragem e olhos profundos de certezas. Sua grande incerteza, porém, era seu destino, impossível de ser resolvido apenas por aspirações e ousadia. Lá estavam seus sonhos entre suas coisas miúdas e uma vida inteira sonhada sobre suas coisas profundas. É difícil dizer, mas Isabel estava vestida de palavras e despida de ideias. Seu grande fulgor, que tanto lhe dava coragem para os dias complicados, agora a quebrara a perna com um puxão de tapetes e não a levara a lugar algum. A menina de tenra idade pela primeira vez se perdera no tempo, nela mesma, entre quimeras e realidades. Bebel, como preferia ser chamada pelos amigos, agora era quase mulher. A parte menina que nela crescera ainda existia e não dava espaço para uma adulta nascer. Quantos de nós já não passamos por essa fase? Não me refiro à fase mulher somente, mas sim à vida adulta. Imagino que muitos se conflitaram e chegaram às suas conclusões. Ma

Quem sabe...

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 ... no meu silêncio eu encontre a profundidade do meu tão desejado abraço. Ando a procura de abraços. Não me refiro a um abraço qualquer ou abraço de apaixonados. Não, nada disso. O que eu quero é muito mais complexo de tão simples. O abraço que eu tenho sentindo necessidade é aquele abraço quente e protetor que a gente recebe como afago e carinho, mas também deve ser bem dosado de sincera ternura e xodó. Não sei se é abraço de pai ou abraço de mãe, de irmã, irmão ou amigo. Só sei que preciso desse ‘estar entre o espaço comprido do braço de alguém’ agora comigo. No entanto, poucos são os braços que se encaixam nessa definição e mais raro ainda são os abraços acolhedores que esses poucos braços podem oferecer. Que pena. Queria poder me encolher nesse intervalo de estreitos agora, ao invés de viver quimeras mil entre abraços jamais encontrados desde outrora.