Uma história de muito amor


Faz pouco tempo que o sol da tarde se despedira lá no céu e lua surgiu linda, crescente, brilhando nas alturas.
E me bateu um desejo chofre de fotografá-la, musa da minha noite, como um modelo de beleza inalcançável. Em vão tentei capturá-la pelas lentes da minha câmera nada profissional. Estava lá um borrão branco e distorcido.
Que desilusão!
Meu sobrinho, na sua pequenez de ambições, viu meu anseio pulsar pelos olhos e tocar sua almazinha de cinco aninhos de idade.
E na sua tênue habilidade de desenhista, “fotografou” a minha musa lunar.
Nunca um desenho de criança com seus traços tremidos ficou tão bonito e, admito, quase uma réplica da realidade.
E, ele, pequeno que só, me disse:
“Toma, Tia Tecia, eu fotrogafei a lua pra você. ”
E acrescentou com a sua modesta inocência infantil: ”Como eu sou gentil.”
E aquilo moveu uma maré de sentimentos bons em mim, uma mistura de choro e graça tomaram conta do meu ser.
Me peguei perdida na minha pequenez com um vazio que tomou conta de mim, que mais tarde veio a ser o motivo desse texto.
São esses detalhes sutis da vida, por vezes, imperceptíveis que fazem a diferença de cada dia.
No mais, a vida toca. Ele foi para o quarto do irmão ver o jogo de videogame, minha mãe se retirou da sala para lavar a louça e minha irmã, adormeceu no sofá cheio de brinquedos e folhas brancas.
E eu? Perplexa? Vazia? Inundada por um gesto infantil de terna ‘gentileza’. 
Me senti amada.
Um amor que não exigia retorno. 

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