Legado positivo da pandemia, será que teremos?

Chega de falar de dor um cado.
  
Chega de apontar o dedo pra governante e pra galerinha aglomeration-tion sem máscara que vemos por aí (mesmo com a gente tendo razão pra isso).
Vamos falar um pouco sobre o lado positivo da pandemia?
Eu sei que é pesado falar isso com um saldo de 130mil vidas a menos só no Brasil.
Mas é preciso que a gente enxergue, por tudo o que é mais sagrado, as redes solidárias que se construíram em segredo ao longo de todo o mundo.
É preciso que a gente reconheça que NUNCA os profissionais da educação serão substuídos por máquinas. Não só porque vivemos numa realidade de desigualdades imensas, mas porque os nossos pequenos não são máquinas e precisam de afeto e acompanhamento profissional pra que se desenvolvam intelectualmente e trabalhem questões relacionadas à convivência, que vão além do currículo escolar.
É preciso que a gente entenda a IMPORTÂNCIA da arte e da cultura para que a gente se sinta vivo.
E que a gente tenha aprendido que a tecnologia não é a vilã da nossa interação, a tecnologia, inclusive, aproximou muita gente que estava longe. Na verdade, a grande vilã da nossa interação é nossa indiferença.
A pandemia trouxe à luz inúmeros problemas sociais, inúmeros escândalos de corrupção, inúmeras sombras que existiam e ainda existem na nossa sociedade.
Tudo porque a gente PAROU!
Não repetimos diariamente a palavra mais clichê do início do século XXI: Correria.
Repetimos agora a palavra: adaptação.
E talvez esse seja o nosso normal: se adaptar ao que é novo.
Aceitar a tecnologia.
Aceitar a convivência familiar. E dentro dessa perspectiva vimos o quanto os pais tiveram que descobrir o que é se aproximar dos filhos, entenderam o quão valioso é o papel dos profissionais da educação, que em um esforço ímpar possibilitaram que a educação não paralizasse nesse momento.
Também aprendemos a enxergar a verdade dos fatos ao invés de repassar notícias falsas.
E nos pegamos trabalhando ao lado de quem realmente nos é caro.
Antes arrumávamos todas as desculpas para fugir das interações e hoje, curiosamente, esbarramos na maior dificuldade para que as pessoas não se aglomerem.
Nunca se quis tanto uma aglomeração. rsrs'
Alguns seguiram sozinhos no isolamento, descobriram o valor de cuidar de si, dedicaram esforços a descobrir talentos ocultos, entenderam o quão acelerados estavam e foram reduzindo o próprio ritmo para uma cadência mais natural.
E foi assim que o mundo deixou de lado limites geográficos e a pesquisa científica se uniu em prol de solucionar o problema mais urgente do mundo: a busca da vacina.
E quantas descobertas foram obtidas. Talvez (não tenho como afirmar isso, mas talvez...) tenha sido o boom da produção científica na área da saúde.
GENTE, VIMOS O QUANTO É FUNDAMENTAL INVESTIR EM PESQUISA CIENTÍFICA! NO BRASIL E NO MUNDO!
O mundo acompanhou e teve que entender como funciona o método científico.
E foi dessa forma que descobrimos que não se faz pesquisa científica da noite pro dia e, principalmente, não tem como fazer ciência sem investimento.
Os profissionais de saúde, em um esforço heroico, nos ofereceram a maior lição de nossas vidas sobre comprometimento e coragem. E temos tanto o que agradecer a eles. Mas não podemos deixar de agradecer pelo privilégio que o Brasil tem de poder contar com o SUS. Que a gente tenha o mesmo nível de comprometimento e coragem para lutar por esse privilégio, para que ele se mantenha público, gratuito e com qualidade.
  

E por falar em público, gratuito e com qualidade, o mesmo a gente deveria exigir dos governos para as nossas Universidades Públicas, que não pararam mesmo com todas as limitações.


O governo não ajudou muito nesse momento, mas, por incrível que pareça, algumas empresas entenderam que não sobreviveriam se omitindo e que uma participação mais ativa seria fundamental nesse período; decidiram, então, investir em algumas ações solidárias e ajudar a financiar algumas pesquisas.

Agora, em setembro, vemos a importância dos pequenos produtores rurais. Um momento de alta do dólar, em que o agronegócio brasileiro abandonou o Brasil pra se dedicar à exportação, teve como consequência o aumento dos preços de alguns itens da nossa cesta básica. Consequentemente a procura por batatas, couve-flor, brócolis e outros produtos de feira tem sido mais recorrente.
Quem sabe com isso a gente reconheça o valor do pequeno produtor e da agricultura familiar?
Além de tudo isso, a periferia mostrou sua força nesse isolamento e, graças a ela, sobrevivemos a toda essa crise que vivemos desde março. Foram esses que mantiveram estabelecimentos de comércio com responsabilidade, fizeram entregas, foram pras ruas por todos nós e por eles.
Soubemos reconhecer? Espero que sim.
Espero que a gente tenha ENXERGADO nossos verdadeiros herois.
O que falta no Brasil não é oportunidade, não é solução, não é força de trabalho. O que falta é política pública e um pouco menos de arrogância e egoísmo de TODOS nós.
Tudo que o tem de bom e de ruim nesse país e nesse mundo foi materializado por cada um de nós. Tudo isso é responsabilidade nossa. E que Deus não desista de ser brasileiro para que a gente consiga superar todas as dificuldades que ainda estão por vir.
Força, fé e foco para um povo que quando o mundo parou, nunca se permitiu parar; e com criatividade, bom humor e muita sensibilidade conseguiu contornar todos os obstáculos que surgiram até agora.
Eu não sei se alguém vai ler esse texto.
Mas para quem chegou até aqui, eu agradeço de todo o coração por você separar uns minutos do seu dia e compartilhar comigo essa observação otimista sobre um momento tão confuso de crise.
Gratidão.

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