Quando eu olho para mim... ‘-‘


É curioso como algumas pessoas, assim como eu, costumam julgar outras e serem julgados, se quando todos nós cometemos erros. Como julgamos ter essa capacidade de julgamento? Eu pensei nisso hoje. Mas, me ocorreu que a vida e os desafios cotidianos nos ensinam a tática de ‘defesa’ pessoal.

Assim, cheguei a uma óbvia conclusão: a verdade machuca sim, mas a verdade que é dita para machucar não merece ser pronunciada, mas se isso ocorrer precisa ser julgada.

O que eu quero dizer é que, muitas vezes, vemos um alcoólatra e o julgamos um vagabundo, um à toa, mas nunca julgamos o motivo pelo o qual ele se tornou quem é. Sentimos ‘pena’. Para ser sincera tenho nojo desse significado: ’piedade’, pois insinua que alguém é muito incapaz de conquistar qualquer objetivo, ou seja, subestima a capacidade de alguém, o torna pequeno diante a si próprio. Pergunto-me, inclusive, se um mendigo seria um coitado. Afinal, o que teria ele a perder? Não tem contas a pagar, não tem status com o qual se preocupar, não tem horários, não tem rotina, vive ao léu. Ao mesmo tempo, não é uma situação muito agradável e eu não desejo a ninguém. No entanto, enquanto isso os ‘dignos’ demais cidadãos têm sua valiosa e aparente ‘dignidade’ e, algumas vezes, um vazio na alma, uma falta de alguma coisa... têm tanto e não têm nada, como mendigos bem vestidos.

Mas, julgam-se os mendigos, os bêbados, os marginalizados. Estes são apenas o reflexo que o mundo devolveu à sociedade, por suas exclusões, por suas atitudes mal pensadas e preconceituosas. Porque, tudo no final não passa de você contra você mesmo e, poxa, é mais fácil enfrentar leões famintos e cobras venenosas do que a vida com esses seus personagens dissimulados, que lutam vendados pela cobiça e passam por cima de qualquer ser humano para alcançar seus objetivos.

Não se nasce com o preceito de se tornar frio, calculista e desconfiado de tudo e todos, mas o mundo real exige uma postura assim, uma imbecil racionalidade, algumas vezes se apunhalam pelas costas, caluniam-se outros e depois gritam-se paz hipocritamente. Se é assim, prefiro ser a idiota, ingênua, que julga, mas tenta ser diferente. Infelizmente eu apenas tento, nem sempre eu consigo. Não quero bancar a puritana ou a miss bondade do século XXI, só acontece que muitos têm a pretensão de ser feliz se utilizando da desventura de outros, parece que têm o prazer de ver a infelicidade das pessoas. Eu sei lá.

Só começo a concordar que o homem tem se tornado um espaço vazio de um polígono oco. E eu quero estar errada, mas vejo por minhas próprias atitudes impensadas que não estou. Afinal, eu não aprendi sozinha, devo ter tido exemplos e experiências que me ensinaram a ter esse jeito ruim de ser e praticar essas ações que eu não gosto e questiono, mas faço mesmo assim.

Será que também estou vivendo hipocritamente? Quem será eu? Por que até eu resolvi me julgar?

Só sei que hoje sou o tipo de pessoa que desconfia de quem é e não consegue frear esses pensamentos de sua própria mente. Me tornei um alguém que morre com sorrisos amigáveis, porque mesmo que sinceros eu sinto que não os mereço, não tenho medo de mortos ou de morte, mas tenho medo de gente, tenho medo da vida. Posso viver com céus ensolarados, borboletas no jardim, flores na primavera, pássaros na janela... mas não suporto rostos amargos, vozes amavelmente falsas, mentiras supérfluas ou verdades capciosas. Idealizei um alguém pra mim e venho me tornando exatamente o que mais repudio. Enfim, que tipo de monstro autêntico eu sou?

Comentários

  1. PARABENS PELO BLOG.
    A AUTO-CRITICA É QUE DEVERIA MOVER O MUNDO.
    PORQUE AS MUDANCAS SURGEM DAI.
    MAS A COMPETICAO FALA MAIS ALTO.
    UM ABRACO CARINHOSO

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  2. Obrigada. ^^
    Eu já quis mudar o meu mundo radicalmente e não é tão simples. Mas também não é impossível. Só que eu percebi que para mudar eu deveria ir lapidando aquilo que lapida a minha personalidade. Hoje eu percebo que o mundo quer respostas de perguntas que nem decidiu ainda. Quer tudo sem pensar em nada. Também para mudar o mundo vai ser difícil. Mas se for uma tarefa conjunta eu acho que vou ver o real sentido para uma linha de produção: cada um fazendo um pouquinho e, no final, diferentemente da produção em massa teremos noção do valor do nosso esforço.
    Por que só ficamos reclamando e filosofando os problemas e não levantamos e agimos?
    Pois é, você sabe a resposta: a competição que fala mais alto...
    afee'
    Obrigada mesmo pelo comentário.
    Pegou no ponto certo!
    É bom saber que tem gente que lê as minhas 'asneirinhas', rsrs'
    Beijos
    *-*

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  3. Cara vc consegue buscar os pensamentos que mais deixamos passar em nossas vidas corridas. Anna mas um belo texto e uma bela forma de pensar, senhorita Miss bondade sim para mim e todos seus amigos.

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  4. Hahaaa!!
    Só vc, Caruba!! ^^
    Obg pelo comentário, mas vc é suspeito pra falar... afee', nem sou miss bondade. Ruuum!
    >.<'
    neh, danilocaruba.blogspot.com.
    Os melhores textos'
    Eu adorei o seu blog, mt bacana msm os seus textos.

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  5. Acho que um dos piores defeito do ser humano é julgar pelas aparências.
    Temos essa mania ridícula, e acho que está muito longe de acabar. Por esse e outros motivos que me recuso a citar por receio de esquecer algum, é que nunca iremos pra frente.

    Achei o seu texto de extrema importância, quem sabe sirva para alguém que tenha este hábito, não ?


    - Fiquei MUITO feliz com o seu comentário.
    São comentários como o seu que me motivam a continuar, e mais, fazem valer a pena todo o meu trabalho. Certamente estarei aqui mais vezes.

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  6. Pois é, acho que o objetivo aqui é esse, é descobrir onde eu erro e assim fazer com que quem lê seja simplesmente humano para perceber os próprios erros. Nem precisa aceitar, só perceber já estava bom...

    E o seu blog é muito bom, o conteúdo é excepcionalmente excelente, CULTURA, BOM GOSTO E UM TOQUE DE PERSONALIDADE E ATITUDE TODO ESPECIAL. E, poxa, sem contar que a música mais incrível da Elis tá tocando nele! ^^

    E quem for inteligente acessa, aí: http://allclassics.blogspot.com/

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  7. Eu sinceramente acho que não tem "asneirinha" nenhuma por aqui. E como boa irmã que você é só escreve coisas que, no mínimo, são muito interessantes.
    Adorei o texto, ficamos sempre muito presos à imagem e ao status e acabamos esquecendo quem as pessoas realmente são, e as vezes quem nós somos também!
    Parabéns!

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  8. Ain, eu nem vi esse comentário!
    Sorry ^^
    Obg, manim.

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