O Senhor Computador! '-'


Acabo de perder o trabalho de três meses de dedicação e dor de cabeça que havia feito. Sequer tenho onde refazê-lo, além desse caderninho no qual estou segurando de mãos trêmulas uma caneta azul, fazendo um monte de garrancho para ver se consigo refazer a tempo, mas sei que daí a meia hora não vou entender nada do que escrevi agora.
Vou explicar agora: Eu tenho dois computadores. E hoje, ambos me deixaram órfã, fora do ar, batendo pino, encarando o vazio de suas telas obscuras. A carroça de mesa pifou depois de um longo pico de energia . O portátil, que levava para passear como um cachorro cheio de ideias, entrou em conflito com a atualização do antivírus e não quer "iniciar". O temperamental está fazendo beicinho, e não estou a fim de discutir a relação homem-máquina, ou melhor, mulher-máquina, com ele.
É, à que ponto mais absurdo o ser humano foi chegar, alguns são dependentes de alguns vícios, como tabaco, álcool, entre outros. Mas há aqueles que são dependentes da tecnologia.
Estou, agora, na frente de uma máquina traiçoeira para registrar justamente a minha decepção comigo mesma - com essa minha dependência estúpida do computador, aliás somos todos cada vez mais subordinadas ao senhor computador, vamos ao cinema pelo computador, fazemos compras e até amizades por ele. É uma baderna geral, um favelão virtual: Música, filme, estudo, trabalho, sexo... enfim, guardamos a nossa vida e depositamos todas as nossas lembrancinhas e sujeirinhas dentro dele.
Atualmente teclamos com olhos dilatados e dedos freneticamente ativos sobre essa cortina branca do processador de texto, encarando uma tela que esconde, por trás de si, um turbilhão de janelas, "um mundo aberto ao toque de um clique".

NADA MAIS ILUSÓRIO...


Não vou dar uma de neoludista de botiquim, pregando o retorno da máquina de escrever ou a câmera de Rolleiflex. Esse papo é tão chato quanto o dos deslumbrados com tecnologia que gastam horas falando sobre a inovação de um processador ou de um novo tipo de linguagem de programação, ou quem sabe, falando sobre as câmeras de altas resolução, hoje ao alcance de todos - e úteis apenas se você for imprimir a fotinha do aniversário da vovó num outdoor na fachada de um arranha-céu.
O incrível e apavorante por aqui foi a minha reação de pavor com a possibilidade de perder um projeto de três meses, aproximadamente - como se a casa e a biblioteca pegassem fogo - a cópia de segurança dos arquivos estava no outro. Claro, seria impossível que os dois quebrassem ao mesmo tempo, ainda mais no mesmo dia... estúpida! Imbecil! Existe backup sabia?? Pior que sim!
Os técnicos em informática diriam e até os não tão entendidos poderiam me julgar uma idiota descuidada. Eles estão certos.
Por outro lado, se nada recuperar, vou me sentir livre para começar tudo de novo... bem longe do computador, espero!

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Senta que lá vem textão!

A solidão da flor do campo