Diário de uma universitária

Isabel era moça intensa, de coração movido a sonhos, de alma carregada de coragem e olhos profundos de certezas. Sua grande incerteza, porém, era seu destino, impossível de ser resolvido apenas por aspirações e ousadia. Lá estavam seus sonhos entre suas coisas miúdas e uma vida inteira sonhada sobre suas coisas profundas.

É difícil dizer, mas Isabel estava vestida de palavras e despida de ideias. Seu grande fulgor, que tanto lhe dava coragem para os dias complicados, agora a quebrara a perna com um puxão de tapetes e não a levara a lugar algum.

A menina de tenra idade pela primeira vez se perdera no tempo, nela mesma, entre quimeras e realidades. Bebel, como preferia ser chamada pelos amigos, agora era quase mulher.

A parte menina que nela crescera ainda existia e não dava espaço para uma adulta nascer.

Quantos de nós já não passamos por essa fase?
Não me refiro à fase mulher somente, mas sim à vida adulta.

Imagino que muitos se conflitaram e chegaram às suas conclusões. Mas a pequena menina, não tinha dúvidas em suas questões, na verdade, suas interrogações eram praticamente evidências, pois sabia o que queria, do que precisava ou do que gostava e... infelizmente, essas necessidades não convergiam.

Isabel queria escrever, as palavras gritavam dentro dela pedidos desesperados de liberdade e as ideias... ah, as ideias de Isabel! Suas fantasias eram contagiantes, todos diziam que daria uma excelente escritora a miúda. Mas ao que parece a vida a surpreendeu com um desafio que a exigia mais disposição e bravura.

E para os que acreditam que Isabel desistira do que sonhava é só acompanhar aqui qual foi a sua grande ideia para brincar de viver sem desistir de sonhar.

Porque sonhar é para os fortes como Isabel, moça intensa de coração movido a sonhos.