Café da manhã

Outro dia sonhei com olhos, que me olhavam com tanto carinho que me senti amada.
Eram olhos de criança. Uma menina de cabelinhos cacheados escuros.
Ah... aqueles olhos irradiavam tanta luz e me aqueciam durante o sono.
E, bem, aquela pequena ria com tanto gozo, que me fez até esquecer as dúvidas, como: Por que ela estava ali? Como entrou? Quem era?
Enfim, ao invés de interrogá-la, me entreguei ao riso também.

Rimos tanto juntas, o quarto parecia que se iluminava cada vez ríamos mais alto e mais forte. Ao redor da cama flores brancas, vermelhas, rosas e amarelas de todos os tipos imagináveis cresciam e perfumavam o ambiente. De repente, as janelas se abriram e borboletas coloridas e peixinhos que nadavam no ar, entraram no quarto em uma coreografia delicada, o Sol também preencheu o cômodo de luz e calor. E aquele domingo de inverno parecera primavera e o meu coração desanimado se encher de vida novamente.

Até que a pequenina me deu um beijo na testa e eu fechei os olhos...

Mas, ao abri-los, acordei no meu quarto frio, sem flores, sem risos.
Levantei, lavei o rosto, senti a maciez da toalha, que me confortou um pouco.

Fui até a cozinha preparar o café e, finalmente, quando me sentei à mesa e senti o aroma da bebida quente, pude ouvir perfeitamente a minha pequena rindo na cozinha e me dizendo baixinho no ouvido: “Sorria, sua boba, pois eu vou estar sempre contigo”.